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Mensagens

A mostrar mensagens de maio, 2020
18 Naquela manhã apeteceu-lhe sair para fazer o pequeno-almoço no café da praceta. Estava sol e queria estar com pessoas. Após sua habitual toilette, decidiu estrear a camisa pólo que ganhara da sobrinha sem dispensar o suéter. O banco de costume da praceta ainda estava vazio àquela hora; cumprimentou o lixeiro, seu conhecido, que ali trabalhava e seguiu para a esplanada do café. Era cedo e ainda havia mesas vazias. O empregado do café de há muitos anos o cumprimentou, surpreso de sua presença que não era habitual. - Muitos bons dias! – Disse a limpar a mesa enquanto retirava a loiça. - O que vai ser? O senhor aceita o jornal? O velho sorriu agradado da receção. Aceitou o jornal. Pediu um abatanado e um bolo de arroz. O empregado comentou a manchete do jornal. O velho não fazia ideia do que tinha dito. Não acompanhava mais as notícias diárias. Achava tudo aquilo desinteressante e cansativo. Apelações para serem vendidas à coscuvilhice dos que pensavam participar do cotidiano
Uma outra foto de um presidente de Câmara num Lar durante a realização de testes de Covid fornecidos pela DGS, também dá o que pensar... Eleitoreiro, oportunista, descarado... quem não critica esse tipo de propaganda política tão comum nessas situações? O fato é que o comportamento político é muito mais do eleitor do que propriamente do político. Se ali não estivesse diriam que não deu as caras, que não queria se arriscar, que não liga para quem não vota... É o próprio eleitor, o cidadão comum, que aprova e mesmo exige esse tipo de comportamento tão apaixonado como qualquer outro da sua natureza humana. Ele vibra quando vê o político descer do helicóptero no local da tragédia, ao mesmo tempo que espia com curiosidade mórbida quantos mortos daquele outro lugar estão à frente do seu... 
17 O velho acordou entusiasmado. Inscreveu-se numa excursão organizada pelo Centro de Dia da freguesia. Não o frequentava mas tinha ali muitos amigos de juventude e às vezes passava por lá para uma conversa. A assistente social o convidara a ir num grupo a Setúbal para um convívio. O João Coelho, esse amigo de infância, também iria e isso acabou por convencê-lo. João não gostava de ficar como os outros a frente da TV a dormir. Gostava de ficar na garagem do centro a restaurar cadeiras com seus trançados. O velho ficava ali com ele longas horas à tarde a discutirem Filosofia, assunto que ambos gostavam. Ficou em dúvida sobre o que vestir. Não fazia frio mas achou por bem sair prevenido com um casaco. Escolheu uma boina como quem escolhia uma gravata e lá partiu. Bem antes da hora marcada, o autocarro já estava completo e a animação corria à solta. Os homens em grupo ao fundo e as senhoras à frente devidamente vestidas e excepcionalmente maquilhadas para o evento; algumas traziam
Na fotografia da fila de pessoas à espera do auxílio emergencial pode-se ver medo, apreensão, desânimo, revolta... Onde quereriam estar aquelas pessoas senão fora da exposição perigosa das ruas, e sim nos seus empregos previsíveis e confortáveis... O emprego formal significa, além do bem estar material e emocional do empregado, o fator que estabiliza e pacifica os humores da sociedade. É o vai e vem dos ônibus e trens abarrotados que garante a paz de justos e dos pecadores... O medo de uma pandemia mortífera e a agudização do desemprego são os ingredientes para uma sublevação social que se não é aplacada com o recurso financeiro, poderiam causar a desordem pública e a queda do governo. Tudo o que não se quer agora é exatamente o que o governo está a fazer. Descoordenação, autoritarismo, politicagem e principalmente falta de liderança. Intrigas, demissões, pressões inoportunas não são as melhores práticas que se podiam esperar, nesse momento em que para qualquer cidadão, o mais
Invariavelmente quando nos defrontamos com os velhos problema nacionais respondemos ser a causa nossa falta de educação. Certo é que sem educação não conseguimos corrigir nossos problemas; que também seria necessário o espaço de tempo de gerações para a mudança de costumes, e o principal deles o irrestrito respeito à Justiça. Qual método educativo milagroso poderíamos tomar desses invejáveis países desenvolvidos? Mais professores bem formados e com melhores salários? Ênfase no ensino básico público? Sem dúvida são medidas fundamentais, mas que não podem ser implementadas sem uma outra sem a qual nada resultaria e dela própria tudo mais decorresse: uma verdadeira democracia. Um verdadeiro regime representativo democrático no qual o cidadão é respeitado e seus representantes respeitam as leis; onde prevalece a Justiça e a Moral. Sem isso nada se conseguiria e os problemas seguiriam, como seguem insolúveis. Como atingir esse objetivo no nosso país, quando a população é mantida ign