Avançar para o conteúdo principal

Mensagens

A mostrar mensagens de junho, 2021
Uma das vantagens de sair do Brasil é vê-lo melhor de fora e, estando em outro país, fazer comparações mais acertadas. Mantidas as proporções, o número de matérias escritas ou vídeos sobre questões sociais, políticas ou económicas no Brasil é muito maior que em Portugal. Haverá mais engajamento popular por isso? Não. Em ambos os países a participação popular na coisa pública é baixíssima. O que explicaria então essa enorme produção de matéria jornalística nos meios de comunicação brasileiros? Certamente uma característica cultural bem diferente, um costume mais acentuadamente americano, consumista, sensacionalista e voltado para os exemplos de fortuna financeira, como modelo a seguir, ao mesmo tempo que deve ser execrado pela sua origem quase sempre criminosa. Um verdadeiro caso de amor e ódio que enche de novelas apaixonantes nosso imaginário subjetivo, afastando-nos cada vez mais da exata noção de sociedade e da racional e objetiva definição de contrato social.
Acho que enquanto for essa a natureza humana, nada contraria a lei do mercado e por isso tudo o que se fizer contra dá errado.  Nesse mundo pós-socialismo, o Capital reina impávido e absoluto. Não há outra opção. Aprendemos sim a refrear um pouco o seu ímpeto que acaba por lhe ser prejudicial e aí deve entrar o Estado; para garantir que haja sempre quem compre e que não demos cabo do planeta. Um exemplo. O cultivo de abacate no Algarve é recente. Uma rentabilidade 20 vezes maior que a da laranja que domina aquela região. Nada contra, muito pelo contrário. Entretanto a monocultura é prejudicial ao Ambiente e o abacate consome muito a água escassa por ali... O que deve fazer o Estado se o mercado está com sede de abacate? Pôr limites. Só isso.
Somos indivíduos e completos. A psicanálise ajuda a vermo-nos assim e a tornarmo-nos o que somos. Aceitando-nos como somos. Apesar de integrais não fomos feitos para viver sozinhos, e numa relação, é imprescindível reconhecer que não nos completamos com ninguém, mas sim complementamo-nos com alguém especial, sem o qual talvez não fôssemos capazes de experimentar.
No atual estado das coisas, falar de política é falar de polícia. A degeneração moral não é exclusiva dos políticos, muitos outros fazem parte do quadrilhão nacional. Não fazemos ideia do número de pessoas comuns envolvidas de alguma forma, em todos os níveis. A população conive resignando-se ou roubando também como pode. Os partidos políticos não representam ninguém e podiam muito bem incluir o PCC e o CV. O crime organizado é a instituição nacional que comanda. Se não somos de outro planeta, o que nos difere tanto dos demais terráqueos. A resposta é a Justiça corrompida e a Polícia a reboque. Sem Justiça de verdade os criminosos não são julgados e presos até o final da pena. Se não conseguimos mudar nossa raiz moral, então que nos valham os poucos ainda justos que se dediquem tenazmente a drenar esse pântano onde vivemos. Criminosos na cadeia! Todos sem exceção! Não avançamos se não começarmos por aí.
Não podendo a raiz moral ser modificada, resta a educação social da Democracia. Educação e Democracia. Qual é a causa e qual é o efeito? O que deve vir primeiro? O que é condição sine qua non para a outra? Saber essa resposta permite começar o trabalho. Enquanto formos uma sociedade ignorante, regida unicamente pela "Lei de Gerson", nada vai mudar. 
A atual discussão sobre a censura nas redes sociais objetiva evitar a manipulação das massas. Sem opinião própria uma pessoa pode até mesmo votar num desconhecido se alguém conhecido o indicar. Nossa preocupação não deve ser censurar, mas sim despertar as pessoas para formarem sua opinião própria. Mesmo as pessoas pouco informadas sabem distinguir a diferença entre o bem e o mal.
São corriqueiras as comparações que fazemos com outros países da mesma forma como é comum espiar o vizinho. Apesar de diferirmos culturalmente somos os mesmos em natureza, e por mais que nos esforcemos para melhorar em relação ao outro, continuamos os mesmos imobilizados pela nossa própria cultura. 
Passa esquecido o papel das potências ocidentais aliadas nos desaires pós-guerras nos Balcãs e no Oriente Médio. Foram aqueles governos imperialistas que dividiram terras sem ver as gentes que ali habitavam, da mesma forma que desenharam ao seu gosto o mapa da África colonial. Nações e culturas, separadas ou unidas à força sob o jugo de governos sem representatividade, antagônicos e belicistas. Não se esperaria que desse certo esse descaso e até mesmo o retaliativo abandono de suas antigas possessões. Passados todos esses anos de profundas divisões e guerras, não houve hipótese de serem saneadas as relações entre aqueles povos.  Cabe unicamente às potências ocidentais de hoje, a necessária e decidida intervenção diplomática para a resolução definitiva desses problemas. Assumam-se responsabilidades.
"... contra a burla parlamentar, a farsa da representação nacional, a tirania do sufrágio...  responsabilizava a República pelo envenenamento das ideias, a reles intriga dos partidos que decapita e destrói a influência das elites; deturpa, avilta, emporcalha tudo, afogando num cataclismo de lama a dignidade de um país inteiro." Ramalho Ortigão escreveu isso no Séc XIX sobre a democracia portuguesa daquele tempo. Nada de novo no Séc XXI nas ditas democracias eleitorais...
Pascal foi um matemático e físico famoso que sabia utilizar bem a razão, entretanto atribui-se a ele a frase: "O coração tem razões que a própria razão desconhece." É preciso ser muito inteligente mesmo pra sacar isso. Na vida é assim... encontramos alguém que tem tudo pra dar errado mas que descobrimos com o tempo ser o único e verdadeiro amor da nossa vida!
Falando aqui da janela desse mundinho português a olhar pro mundão à sua volta... Entrar pra ganhar muito dinheiro e retirar ao Estado empresas que não deveriam ser dele. Essa é a meta com vivas ao Capitalismo! Veio o David Neeleman brasileiro americano, agora o Armando Pereira português francês, e quem sabe mais quem virá cumprir esse apetitoso objetivo, comprando e vendendo empresas no lugar de pô-las a produzir... Dá mesmo muito trabalho e não é nada seguro competir e dar empregos... Valha-nos a Segurança Social!
Esperava-se mesmo que o acolhimento dos refugiados nas democracias europeias terminasse. A fuga desesperada da miséria social pelo mundo atingiu o limite do razoável. Vivemos em guetos. Por mais que os governos devam ser humanitários, seus cidadãos têm limites. O Multiculturalismo é falso; ingenuidade romântica. As culturas são imiscíveis e a tolerância tênue. E se nada queremos fazer, ainda assim devemos; o Oriente Médio não se resolve sozinho. Os radicalismos religiosos com o passar dos anos cada vez mais impedem a formação de um país único na Palestina. O drama daqueles povos, que assistimos indiferentes, não cessará sem a nossa decidida intervenção que deverá passar pelo reconhecimento mútuo de dois Estados divididos por fronteiras aceitáveis.