Velhos problemas que a pandemia traz à baila por essas bandas...
A questão do trato com os velhos no velho continente, com cada vez mais velhos, é incompreensível para um brasileiro. Para este, seus pais quando já não podem ficar sozinhos ficam com ele. Ponto. Na Europa se envelhece com a naturalidade de sermos despachados para um Lar... doce nome que se dá ao entreposto para o cemitério. Estranho? Parece ser só a esse brasileiro pois não sei dizer sobre outros lugares...
Quando não havia o Estado, o velho simplesmente morria a trabalhar; quem tivesse algum património durava um pouco mais a depender do trabalho dos outros...
Quando não havia o Estado que amparava, quem podia fazia o seu pé de meia, geralmente comprava um imóvel para arrendar; quem não podia ficava a depender da caridade...
Quando a Segurança Social começou a proporcionar tratamento médico e pensões, a caridade deixou de ser o único meio e a sociedade compreendeu que era justo distribuir o que produzia àqueles que já não produziam mais...
Posto assim dessa forma económica é bem justo, se não fosse por outra forma tão importante, ou senão mais importante para alguém que envelheceu... o lado afetivo.
O sentimento independe da nacionalidade mas o costume do local foi capaz de anestesiá-lo, isto porque me recuso a acreditar que todos por cá são insensíveis, para além de simplesmente egoístas... pobre gente egoísta... de bolso e de espírito...
Custou-me entender com o tempo, que os chamados Lares que "acolhem" os mais velhos, poucos legais, a maioria clandestina, são negócios que exploram esse "nicho" etário da população, sob a vista grossa da Segurança Social que por não ter capacidade de abranger a todos, "permite" que o tal costume de "despachar" os mais velhos prospere.
Do ponto de vista económico, qualquer negócio regulamentado que seja remunerado por uma prestação de serviço a contento é acertado. Um "Lar" legalizado é útil e bem aceito por todos... seria mesmo? Em muitos, muitíssimos casos não é aceitável... muitos e muitos velhos são postos ali por seus próprios familiares, para seu desencargo em troca de pagamento, muitas vezes bem caro e por vezes superior à própria pensão do idoso. Doentes ou não são simplesmente colocados ali, e pior os doentes, quando deveriam ser encaminhados a leitos adequados e não a um simples asilo... de uma hora para outra, toda uma vida de realizações e talvez prole numerosa fica reduzida à uma mesinha de cabeceira com um porta-retratos no meio de uma espaçosa enfermaria... A mim, só de pensar causa pavor!
Nessa hora de pandemia, com todos frágeis e expostos ao vírus cruel, aqueles mais velhos e debilitados, mais vulneráveis à doença, morrem contagiados nesses lares...
Levá-los para casa dos seus filhos, aqueles que têm condições? Não! É mais seguro que sejam contagiados lá nos Lares...
PS: Num "Lar" de Guernica na Espanha, os trabalhadores decidiram não retornar para suas casas... colocaram lá uma faixa que dizia; "Yo me quedo en casa con mi otra familia"
A questão do trato com os velhos no velho continente, com cada vez mais velhos, é incompreensível para um brasileiro. Para este, seus pais quando já não podem ficar sozinhos ficam com ele. Ponto. Na Europa se envelhece com a naturalidade de sermos despachados para um Lar... doce nome que se dá ao entreposto para o cemitério. Estranho? Parece ser só a esse brasileiro pois não sei dizer sobre outros lugares...
Quando não havia o Estado, o velho simplesmente morria a trabalhar; quem tivesse algum património durava um pouco mais a depender do trabalho dos outros...
Quando não havia o Estado que amparava, quem podia fazia o seu pé de meia, geralmente comprava um imóvel para arrendar; quem não podia ficava a depender da caridade...
Quando a Segurança Social começou a proporcionar tratamento médico e pensões, a caridade deixou de ser o único meio e a sociedade compreendeu que era justo distribuir o que produzia àqueles que já não produziam mais...
Posto assim dessa forma económica é bem justo, se não fosse por outra forma tão importante, ou senão mais importante para alguém que envelheceu... o lado afetivo.
O sentimento independe da nacionalidade mas o costume do local foi capaz de anestesiá-lo, isto porque me recuso a acreditar que todos por cá são insensíveis, para além de simplesmente egoístas... pobre gente egoísta... de bolso e de espírito...
Custou-me entender com o tempo, que os chamados Lares que "acolhem" os mais velhos, poucos legais, a maioria clandestina, são negócios que exploram esse "nicho" etário da população, sob a vista grossa da Segurança Social que por não ter capacidade de abranger a todos, "permite" que o tal costume de "despachar" os mais velhos prospere.
Do ponto de vista económico, qualquer negócio regulamentado que seja remunerado por uma prestação de serviço a contento é acertado. Um "Lar" legalizado é útil e bem aceito por todos... seria mesmo? Em muitos, muitíssimos casos não é aceitável... muitos e muitos velhos são postos ali por seus próprios familiares, para seu desencargo em troca de pagamento, muitas vezes bem caro e por vezes superior à própria pensão do idoso. Doentes ou não são simplesmente colocados ali, e pior os doentes, quando deveriam ser encaminhados a leitos adequados e não a um simples asilo... de uma hora para outra, toda uma vida de realizações e talvez prole numerosa fica reduzida à uma mesinha de cabeceira com um porta-retratos no meio de uma espaçosa enfermaria... A mim, só de pensar causa pavor!
Nessa hora de pandemia, com todos frágeis e expostos ao vírus cruel, aqueles mais velhos e debilitados, mais vulneráveis à doença, morrem contagiados nesses lares...
Levá-los para casa dos seus filhos, aqueles que têm condições? Não! É mais seguro que sejam contagiados lá nos Lares...
PS: Num "Lar" de Guernica na Espanha, os trabalhadores decidiram não retornar para suas casas... colocaram lá uma faixa que dizia; "Yo me quedo en casa con mi otra familia"
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