Onde está a causa desse desastre?
Na maior parte das vezes culpam-se os políticos, mas a resposta correta vem
naturalmente logo a seguir: a educação.
Pode-se dizer que a política é
consequência da educação, tanto como o contrário. Entretanto se imaginarmos que
medidas políticas permitiriam melhores níveis de educação, estaríamos esquecendo
o verdadeiro elemento educador do indivíduo: a família; e nesse sentido podemos
concluir que a boa educação familiar acaba por se refletir numa boa política.
Em outras palavras, uma sociedade educada possui políticas corretas. Sem que
haja pessoas educadas não é possível estabelecer políticas justas.
Somos nós os culpados? Sim! É
inegável essa afirmação, e não admiti-la só perpetuaria o problema social do
qual emerge a má política e todas suas consequências. Deve ser através da
família que se deve educar seus membros, e em extensão toda a comunidade, para
que se enraízem os valores morais mais sólidos e caros nos quais se baseiam as
sociedades mais adiantadas. Administradas por leis justas e no estrito respeito
por elas.
Está na formação moral do
indivíduo, o caráter do cidadão que julgará o que é correto não apenas para si,
mas principalmente para toda sociedade. Através dos valores e costumes adquiridos
na família, que prezará manter, para não perder a coesão e a unidade do grupo
que lhe garante a sobrevivência e perpetuidade. Nesse sentido resulta que uma
sociedade sadia, partilhando os mesmos valores e costumes, tolerando as
naturais e desejáveis diferenças, não evoluirá, se não praticar o mesmo código
ético e o respeito pela diversidade entre seus indivíduos. A educação na
família e o rigor da justiça por parte do Estado são os pilares da sociedade
avançada.
Um indivíduo educado não admitirá
um Estado que não o represente e garanta seus direitos. Seu voto será
consciente e exigirá que seus representantes ajam corretamente, sob pena de
perder seu mandato. Os políticos por sua vez estarão presos aos compromissos
assumidos com seus eleitores, acima de qualquer outro que não seja para o bem
público. Haverá órgãos fiscalizadores e transparência dos atos, mas sobretudo a
mão pesada da lei quando desrespeitada.
Educar com exemplos. Para a
formação das crianças é necessário que seus pais façam aquilo que dizem. Que os
façam vivenciar experiências boas e desagradáveis e sobretudo respeitar as regras
estabelecidas para o bem-estar de todos. Os filhos enquanto pequenos são mais
moldáveis e necessitam mesmo serem repreendidos por fazerem errado, como serem
mais reconhecidos do que recompensados, por fazerem a coisa certa. É dever dos
pais incutir-lhes que o correto não é um favor mas sim uma obrigação. Devem
perceber que fazem parte de um grupo que se auxilia mutuamente, mas também que
se preocupa e cuida dos demais. Devem perceber que todos são diferentes entre
si, mas todos iguais no que se refere à estima, consideração e respeito.
Precisam temer o castigo reservado àquele que faz errado e entender que todo
erro deve ser admitido e corrigido. Enfim os pais devem dar-lhes todo o estofo
moral com o qual lidarão no futuro em todas suas relações.
Apercebemo-nos nos pais mais
jovens, um certo desconhecimento ou mesmo um alheamento dessas questões.
Ocupados em garantir os melhores recursos materiais, talvez a compensarem-se
indiretamente a si próprios, esquecem-se da sua mais importante função. É
inútil dar educação a uma criança que não a tem dos próprios pais.
Outro fator importante e
específico da sociedade brasileira foi a mudança do modelo político e social,
com o fim do regime militar, no início dos anos 80. O retorno da prática dos
comportamentos menos repressivos, uma certa tolerância às drogas e à
marginalidade, a valorização e proteção excessiva de minorias e dos mais fracos,
criaram o sentimento de que todos têm direitos irrestritos e nenhum dever. Os
nascidos nessa época, hoje pais, tornaram-se adultos, e vêm educando seus
filhos, de uma forma muito menos compromissada e disciplinada que seus próprios
pais. Por terem vivido a infância num período economicamente difícil, desejam agora
na sua fase adulta, num momento mais próspero, compensar seus filhos dando-lhes
recursos e meios em abundância com um mínimo de repreensão.
Nos dias que correm, em meio aos
mais diversos e profundos problemas estruturais do país, a condenação dos
políticos é a tónica. Consideram-se todos com o direito de reclamar e exigir
tudo, da mesma forma que estão certos de que nada devem. Esquecem-se que
aqueles que elegeram e reelegeram ao longo de anos são representantes e iguais
a eles próprios. Que deles não fariam diferente nos seus lugares.
Desnecessário dizer que nada se
muda se não mudamos nós próprios. Eduquemo-nos antes!
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