Há um momento na vida em que
nossos pais morrem e mesmo esperado tudo pára.
A sensação da morte é um vazio
que o tempo se encarrega de preencher. O vazio de um pai cabe ao filho ocupar,
somos a continuação deles.
Às vezes se vão quando não
estamos perto, quando estamos de relações cortadas, ou mesmo quando deles nos
afastamos muito cedo… não importa, vai doer do mesmo jeito.
Um gosto metálico na boca como
quem leva uma pancada, um aperto no peito como quem lhe foge o chão, um
aturdimento como quem lhe é roubada alguma coisa. Esse momento passa porque é o
sentimento da perda material. Quando o espírito se apazigua lembrando que a
morte é uma partida, fica a saudade e ela é doce e calma.
As lembranças ruins se
desvanecem, as boas retornam com mais vigor e mais frequência ao longo do
tempo. Nos surpreendemos iguais a eles, mesmo que não os tenhamos conhecido de
verdade. Que relação tão forte e inexplicável essa que nos liga aos nossos
pais? Que importância tão grande têm para nós? Como a terra em que nascemos é
para eles/lá desejamos retornar…
Quando chegar nossa hora de
partir voltaremos a eles. Ao braço forte do pai… ao colo morno da mãe…
Quando de nós, também nossos
filhos sentirem saudades, estaremos em paz e felizes, recompensados pelo
trabalho feito, direta ou indiretamente, achando graça por vê-los tão
parecidos, seguindo com suas vidas, mas de algum modo, do nosso mesmo jeito.
Descansa pai, agora é a minha vez
de continuar…
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