Dedicar-se ao trabalho.
O que seria de nós sem o trabalho que, além do sustento, nos dá a possibilidade
de criar, produzir e ser útil; escapar do ócio entorpecente.
O emprego não é
o mesmo que o trabalho; muitas vezes mal chega para o sustento, além de quase
sempre não ser criativo e prazeroso. Como então dedicar-se ao emprego? Quando
se está empregado é difícil haver a dedicação. Não há o envolvimento necessário
que suscita o compromisso. A ideia é de que o emprego não é nosso e o que faço
não é para mim. A sensação de ser explorado, de trabalhar para outro em troca
de pouco prevalece. Para que empenhar minhas capacidades e criatividade em
troca de algo que não me satisfaz? Desincentivar alguém que queira inovar no
emprego é a pior coisa que se pode fazer; faz com que a dedicação que ainda
possa haver desapareça definitivamente.
Regra geral os
empregos são detestados e o que mais se deseja são os fins-de-semana e os
feriados. O dia-a-dia maçante é recompensado pelo sonho da aposentadoria
distante… Enfim, o emprego é algo que precisamos mas odiamos.
As leis
trabalhistas protegem os empregados, estabelecem remunerações e cargas
horárias, o direito ao descanso e outras compensações. A Segurança Social
assegura o apoio na doença e na velhice. O atual quadro da organização social
garante ao empregado o conforto necessário para que seja compensado. Duas
questões se impõem; o mercado do trabalho avalia o preço do salário como
qualquer outra mercadoria baseado na lei da oferta e da procura, e as garantias
legais cada vez mais diminuem por falta de recursos disponíveis. Esses dois
fatores agravam a condição do empregado e por consequência sua motivação.
Quais seriam as
saídas para este antigo problema, tanto para o empregado como para o patrão? As
condições atuais do mundo produtivo requerem outro formato nessas relações.
Consoante os diferentes níveis de capacitação e responsabilidade, já há de
certa forma alguma mudança. Para os mais capacitados existe a possibilidade de
se trocar o tradicional contrato de trabalho pela prestação de serviço, mais
vantajosa do ponto de vista financeiro e mais flexível em termos de horários e presença
obrigatória. A condição de empregado acomodado muda para a do autónomo que quer
fidelizar o seu patrão/cliente pela qualidade do seu trabalho. O profissional
autónomo obrigatoriamente tem que dedicar-se com afinco e ao mesmo tempo
satisfação, com a sensação de que seu compromisso lhe trará a compensação
desejada, adicionado ao prazer de ter um cliente satisfeito.
O trabalho menos
capacitado desaparece dia a dia, a mão-de-obra desqualificada reduz-se às
poucas funções onde a máquina ainda não pode fazer o que fazem as mãos. Os que
remanescem conseguem ainda se escudar em contratos coletivos. A estes não resta
muito que os motive. É uma condição que não difere muito da escravização
assalariada em troca da sobrevivência. Discutem-se algumas ideias que buscam o
apoio social mínimo para que as pessoas, livres de precisarem sobreviver,
busquem exercer alguma forma de trabalho autónomo que lhes dê satisfação e
remuneração extra; Jardinagem, Culinária, Pastelaria, Marcenaria, Bricolagem, são
algumas possibilidades.
Em todos os
casos há sempre um denominador comum; o prazer em trabalhar e criar. É isto que
é necessário, e que a maioria dá até mais importância que a própria
remuneração. Ter dinheiro e tempo livre suficientes para se manter uma vida
plenamente saudável.
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