Avançar para o conteúdo principal

C’um caraças!
Palavras e expressões com diferente significado são muitas entre nós e motivo de muita brincadeira, é claro por parte de nós brasileiros, sacanas por natureza. Mário Prata explorou muito bem isso no seu delicioso Schifaizfavoire de 1994.
É inevitável para o marinheiro de primeira viagem não se atrapalhar e rir muito das coisas que ouve e não entende. É preciso algum tempo para acostumar-se com a pronúncia e mais outro tempo para conhecer e empregar bem todas as expressões lusitanas.
Da mesma forma, certas palavras que usamos correntemente no Brasil, aqui como dizem, têm piada, porque não imaginam eles que se pode falar o português de outro modo que não o seu. Ficam mesmo surpresos e algo indignados. Em África (e não, na África…) fala-se nos PALOP’s (Países de Língua Oficial Portuguesa) o português lusitano, com sotaques próprios, excluídos naturalmente os regionalismos. Nós brasileiros tivemos mais tempo para mestiçar a língua e fazer mais brasileiros para falar o português brasileiro pelo mundo… Já vi mesmo um guia de viagem “Le brésilien tout de suite”!
Uma vez, numa entrevista que fazia a RTP Rádio e Televisão Portuguesa na Coreia do Sul, a repórter admirada com a fluência no português do entrevistado, perguntou-lhe orgulhosa onde aprendera. Ele respondeu com certa humildade: - Fizemos um curso para melhorar nossas relações comerciais com o Brasil…
Xícara aqui não é costume falar, chávena é o que se usa. Disseram-me uma vez que xícara é de um português mais antigo. Foi o que levaram e assim ficou por lá esquecido… A mesma coisa para o tão nosso você, que aqui é extremamente formal; chegam a pedir desculpas (imensas desculpas dizem) quando usam o tu inadvertidamente… O vossa mercê, terceira pessoa de tão importante que é, ficou velhinho mas não foi esquecido de todo pelo brasileiro que o acarinhou mesmo com um simpático “cê”. Cê tá vendo só?
Quando aqui cheguei para trabalhar dizia caminhão; riam-se dizendo que o brasileiro tem mania de aumentar tudo. Não, não, não se trata de caminho grande, a palavra aqui para caminhão é camião… E não são poucas… Minha mulher quando foi matricular nosso filho na escola ficou surpresa quando lhe perguntaram o apelido da criança, ao que ela respondeu sorrindo: - Leco-leco! Mais surpresa ainda ficou a funcionária por nunca ter conhecido na vida um Leonardo Leco-leco! Uma vez no consultório do dentista, pediu para ir ao banheiro; que a gente aprende logo ser a casa de banho, ao que a atendente advertiu estar o autoclismo avariado. Lá se foi ela assim meio sem graça fazer xixi e ao voltar, chamar-lhe a atenção para a descarga quebrada! O pior de tudo é magoar o cu quando se cai com a bunda no chão… Certas coisas ainda me são difíceis de ouvir…








Comentários

Mensagens populares deste blogue

Com um OE comprometido com salários e pensões não há dinheiro para o investimento; espaço para a iniciativa privada. Muito mais que a conhecida redução de impostos, deve ser com concessões e privatizações que a Economia pode crescer. Ultrapassar os tabus, garantir seu papel social, regular e deixar o Capital fazer o seu trabalho. 
O Bolsonarismo foi uma válvula de escape para o Conservadorismo brasileiro. Desperdiçou-se a oportunidade de um centro-direita governar e acertar as contas para gerar crescimento. As difíceis condições do país, agravadas pelo panorama internacional, não serão revertidas com o retorno da esquerda, pelo contrário irão deteriorar-se. A reaparecimento da direita é definitivo. Será vital surgir uma corrente mais moderada que esvazie o furor populista e livre o país de uma radicalização desgastante ainda maior.  
Se a política não é a causa do problema social mas sim consequência, podemos concluir então que a verdadeira causa está em nós. Os aspectos culturais de um povo definem sua organização social e como consequência seu modelo político, justo ou não, consoante sua própria natureza. Sendo a família a célula social, é aí que se devem concentrar todas as atenções e nesse caso, sem qualquer influência direta do Estado, cabendo unicamente aos pais a educação por valores morais de seus filhos. Dependerá dessa formação o sucesso dessa sociedade. Não cabendo em nosso povo o conceito da educação pelo Estado, será dos pais na intimidade da família essa responsabilidade. Não havendo estrutura familiar com formação moral prévia consolidada, em todos os níveis sociais, tal tarefa não poderá ser executada ou mesmo sequer reconhecida. Quer se dizer com isso que é do modelo e valores atuais das famílias que resulta o mau funcionamento da sociedade e que depende somente dessas famílias sua mudança. Começar...