A causa indiscutível dos
problemas socias está na desigualdade das condições económicas.
Os experimentos de modelos
económicos já demonstraram o acerto da economia de mercado. O liberalismo
económico na Europa, onde se encontram as sociedades mais desenvolvidas,
evoluiu para o Estado Social; Educação e Saúde de qualidade, gratuitos para
todos, custeados pelos impostos sobre o rendimento privado. Esta fórmula,
assegurada pelo exercício de governos democráticos e instituições atuantes, desequilibra-se
sem a efetiva participação de todos.
O entendimento desta equação,
compreendida pelo usufruto desses benefícios e confirmada pelo voto, só é
possível com a educação e a inclusão de todos na repartição da riqueza gerada. Bastaria
a exclusão de uma parte que não fosse aquinhoada, para que se criassem
desigualdades e, em consequência, problemas sociais.
O interessante trabalho “O
Espírito da Igualdade “ de Wilkinson e Pickett demonstra cabalmente a relação
entre desigualdades e problemas, além de afirmar que o tamanho do PIB não basta,
mostrando que mesmo a sociedade norte-americana é desigual e problemática.
Está provado o melhor caminho
conhecido até agora, o que falta para o trilhar? A resposta é a inclusão de
todos, e tal só se alcança quando todos forem instruídos e conscientes dessa
realidade. A Educação tem esse papel fundamental.
Mas há ainda uma questão mais
importante; mais que cognitivo o problema é subliminarmente moral, e desse modo
mais difícil de enfrentar. A questão da igualdade, muito mais que económica é
moral, e vai depender disso, o verdadeiro entendimento do que é enriquecer, ou
seja, crescer até o limite de suas reais necessidades, e dentre elas que o
outro também cresça, para que não destoe e assim não o desagrade. Estamos longe
disso. O que se verifica é cada vez mais o acúmulo da riqueza nas mãos de
pouquíssimos, em detrimento da imensa maioria empobrecida. As diferenças do
grau de desigualdade são locais e variam consoante a percepção do problema, independentemente
da quantidade de riqueza.
Ainda que não estejamos
suficientemente moralizados, é de fato a regulamentação das sociedades que
cerceia o aumento da desigualdade. Muito embora as leis permitam os chamados
paraísos fiscais e o excesso de tributação das fortunas seja indesejável,
procura-se de alguma forma ao menos que haja recursos para se garantir a harmonia
social.
As sociedades menos desenvolvidas,
e por isso mais afetadas por estes problemas, sucumbem exatamente por ainda
estarem divididas entre aqueles que algo possuem e nada se importam com os
outros e a grande maioria excluída das oportunidades ou do amparo do Estado.
É um erro tremendo admitir que apenas
o velhíssimo Liberalismo nos cure dos problemas sociais, se ainda pouco
moralizados, não criemos condições para incluir a todos na repartição da
riqueza que todos criamos.
Como em tudo a que se refere o
todo, cabe a cada um pensar e agir.
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