Deixemos de lado um pouco a figura do Estado, dessa chamada administração formal da sociedade baseada em leis e votos. É da sociedade que afinal se trata; e da sua cultura, e de seus costumes, e de suas vontades. O que dizer quando algo a perturba, a ameace, a amedronte e principalmente possa ter o poder de descaracterizá-la, a ponto de deixar de ser a sociedade que originou o próprio Estado?
É do Multicuturalismo que estamos a falar. Do projeto de coabitação de diferente costumes num ambiente de tolerância e harmonia enriquecedora para o bem-estar de todos. Será isso realmente possível? Poderão povos com diferentes costumes e tradições conviver pacificamente de baixo de um mesmo Estado, ele próprio com suas leis e costumes? A resposta está a olhos vistos. A imiscibilidade de culturas é o fator gerador de Estados independentes, às vezes conflitantes, nomeadamente quando uma sociedade ameaça a outra, seja por razões económicas, demográficas ou pelo confronto de costumes, em especial o religioso, identidade essa a mais tradicional e enraizada de um povo, tanto como sua própria língua, ainda essa admitindo-se perder.
O choque de religiões, excluindo-se outros imprevistos como os êxodos políticos ou climáticos, é o mais perigoso, porque se infiltra e incomoda aos poucos até atingir um clímax violento. De caráter pessoal e apaixonante, sem qualquer margem para o consenso e o entendimento; uma verdadeira bomba-relógio.
As comunicações instantâneas e migrações aceleradas causam desequilíbrios populacionais em determinadas sociedades, em alguns casos mesmo necessitadas de imigrantes, que em pouco tempo surpreendem-se minadas, ameaçadas de perder sua própria identidade, suprimida pelo outro povo que a ocupou, tendo vindo a predominar naquele território.
Não é descabida a preocupação com as baixas taxas de natalidade verificadas em alguns países que recebem imigrantes de outras culturas, agravando-se o fato de além de não assimilarem-se, excluírem-se, chegando mesmo a formarem sociedades dentro de sociedades.
Essa questão aparentemente apenas demográfica, é antes de mais nada política, e como tal deve ser debatida e levada a escrutínio. Cabe somente à população decidir em que condições deseja conviver com outras culturas em seu próprio Estado.
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