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Retirei de um texto de Henrique Raposo uma explicação muito boa sobre o desaparecimento da pertença nos dias de hoje e seus terríveis efeitos:


"... No passado ainda recente, os mais pobres sabiam que tinham um certo estatuto e reconhecimento através da sua condição de operário ou trabalhador especializado, tinham o seu métier, a sua fábrica, o seu sindicato, a sua comissão de trabalhadores, o clube de futebol do sindicato ou o grupo coral ligado à fábrica. Esse mundo que garantia uma estrutura mental e o tal reconhecimento social, o tal status dentro da ordem natural das coisas, desapareceu em menos de uma geração. 

As pessoas saltam de trabalho em trabalho sem criarem vínculos em lado nenhum... perderam empregos, perderam a ideia do emprego para a vida, perderam a ideia de que podiam ser operários, perderam as casas, até os carros. Ter uma arma é o que lhes sobra da sensação de ownership. Têm a arma e outra arma: o Facebook ou outras redes sociais onde procuram o capital social que perderam nesta nova economia. O ressentimento é a forma de conseguirem capital social, agregando-se na solidão da net a outras pessoas que sentem o mesmo ressentimento... 

Se acrescentarmos a crise da família ( poucos filhos, taxas altas de divórcio, as três gerações separadas às vezes por centenas ou milhares de quilômetros ) ficamos com um quadro para lá de preocupante: o indivíduo confronta-se com o mundo sem o apoio dos corpos intermédios da sociedade, a família, a classe ou guilda, a comunidade e paróquia, o clube."


Precisamos encontrar esse caminho de volta!

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