Porco fascista! Comunista desgraçado! Esquerda x Direita.
Ainda é válido o debate ideológico? A velha classificação ainda define com
exatidão suas diferenças? Os eleitores ainda movem-se por ideologias? Este
debate já embotou-se há muito tempo e só serve para a maioria dos eleitores
escolher o lado da arquibancada em que vão sentar-se para torcer, xingar,
gritar até perder a voz e depois voltar para casa amuado com a derrota do seu
time, ou então sair pela rua partindo tudo o que vê pela frente… aquele juiz
fdp!…
Diferentemente dos primeiros tempos quando a questão era
fulcral; ou uma coisa ou outra. E por isso morria-se e matava-se. Acabou. Mudou
de nome, apareceram o centro e os extremos. Aos princípios originais foram-se
incorporando casuísmos consoante as necessidades de cada tempo e lugar. Acabou
porque atualmente não emoldura os conceitos que evoluíram das ideias originais.
É natural ver uma aliança entre extrema-direita com a extrema-esquerda. Enfim…
Haverá ainda ideologia por trás de partidos e programas ou
será mera convenção? Será a ideologia ainda a base que diferencia a ação
política num mundo tão próximo e interligado, buscando o mesmo em qualquer
lugar? A economia já demonstrou que seu sucesso ou fracasso dita o mesmo aos
governos; que uma sociedade pode até abrir mão de alguma liberdade mas não
admite um mau ambiente económico. Isso é fatal para um governo democrático que
para perpetuar-se fará de sua verdadeira ideologia, a prosperidade económica.
Outros governos populistas ou autoritários poderão durar mais, mas
inevitavelmente terminarão porque depois da economia, segue-se a liberdade,
aqueles que são os verdadeiros anseios de toda sociedade.
Que o capitalismo é o melhor sistema económico não se
cogita, mas até isso se adulterou. Há até o que se chama Capitalismo de Estado,
e não estranhe porque é nosso! Não porque detenha os meios de produção mas os
meios de financiamento para as empresas do sistema. Livre iniciativa e
concorrência? Nem pensar! Se não está no esquema, está fora. Sou eu o Estado
que tributo e legislo conforme as minhas conveniências. Muito bom para todos e
péssimo para a maioria posta de fora.
Liberalismo total! É o grito de vanguarda com 400 anos! Já
vimos que não é bem assim. Nem tanto ao mar, nem tanto à terra. Sem limites
ganham os fortes e perdem os fracos. Novos conflitos. Novas soluções. Muda-se
aqui, muda-se ali e continua tudo na mesma. Os ganhos ilimitados de uma
produção expremida ao máximo só pioram as desigualdades. O consumo insano de
produtos e insumos para manter tudo isso acaba por não manter exatamente isso.
Nós mesmos! Autofagia económica! Egoísmos e ganâncias do velho homem primitivo
de 5000 anos! Não mudamos e não vamos mudar nem daqui a 5000 anos se existirmos
até lá. Comendo, descansando e copulando…
Nem 8 nem 80. Há quem pense nisso e busque outros caminhos.
Há mesmo exemplos de sociedades que mostram alternativas possíveis e
desejáveis. O Estado deve estar sempre lá. Sem ele é o Far-West. Mas pouco, o
suficiente para exercer a Justiça e a Segurança, arrecadando os impostos para
financiar o Estado Social; Segurança Social, Saúde e Educação. A iniciativa
privada que se incumba do resto e sem nenhum relação com o Estado, a não ser o
cumprimento vigiado das leis. Pouca regulamentação e livre concorrência. Há
mercado para todos, dentro ou fora das fronteiras. Cooperativas e Associações
sempre funcionaram melhor que cartéis. E tudo sempre com medida, sendo a
principal delas a nossa própria sustentabilidade! Ou seja, se ainda tivermos
algo para vender ou se ainda houver alguém para comprar…
Comentários
Enviar um comentário