Não nos interessamos pela
política porque é ruim ou a política é ruim por que não nos interessamos por
ela? Não nos interessamos pelos nossos defeitos porque nos incomodam ou nossos
defeitos nos incomodam porque não nos interessamos por eles?
Nada que esteja mal pode ser
mudado se não nos interessarmos por isso. A questão objetiva tem origem na
subjetividade. Se a grande maioria de nós não encara nossos próprios defeitos,
não quererá também encarar os defeitos da vida pública. Está aí boa parte dos
motivos que nos afastam da política. Está no comportamento humano o natural
afastamento das dificuldades e o passa-culpas para os outros. Votar em alguém
para defender nossos interesses seria o mesmo que passar as responsabilidades
para outro; se der errado, a culpa será dele. Eu não tenho nada a ver com isso!
É assim mesmo? Temos que admitir que sim.
Se por um lado nosso
comportamento é assim, não menos preocupante é nossa natureza moral. E não adianta
achar que é o outro que não tem valores, porque tendo todos nós alguns, todos sofremos
do mesmo mal. Uns mais outros menos. Como remediar isso? Fazendo um enorme
esforço para selecionar os mais capazes de fazer a boa política; escolher
aqueles que demonstradamente tenham valores morais. E mais, substituindo-os rapidamente
caso contrário. O acompanhamento de perto é fundamental.
Não há fórmulas mágicas nas
sociedades que já conseguem exercer a boa política. Seleção e vigilância para
minorar nossas naturais deficiências de valores morais.
Nada como a mídia livre para dar
transparência aos atos políticos. A opinião pública de um lado e as
instituições do outro para coibir rapidamente os abusos. Até hoje não se
conhece forma melhor de tratar o assunto, já que nossa moralidade não tem
mudado muito ao longo da história. Noutro dia li que num país escandinavo
considera-se um absurdo um político usar um táxi já que lhe é dado um passe
para o ônibus. Carro oficial, o que é isso? Ainda estamos longe disso mas temos
que nos aproximar mais.
A eleição de um representante
deve ser considerada como um contrato de trabalho. Se não der certo, demite-se.
E outra, sendo remunerado com o dinheiro dos impostos não pode ser oneroso. A
lógica é simples, enquanto não nos interessarmos pela política, haverá sempre
alguém que se interesse por ela…
Essa é uma das características
comuns entre Brasil e Portugal. A troca do interesse árduo pela política pelo
bate-boca fácil de se levar e ser levado. Encontramos suas causas na história
da formação dos nossos povos. Como a história não para só temos que continuar
andando. Será que não dava para acelerar?
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