As pessoas adultas mantêm
comportamentos infantis e a ciência do marketing explora bem isso. A maior
parte dos adultos consome por impulsos infantis e vota como tal.
Como as crianças, desinteressam-se
por assuntos que requeiram maior concentração e responsabilidade. Isto explica
o porquê de não atinarem nos problemas de fundo da política e da economia,
deixando por isso de participar efetivamente nesses assuntos. Limitam-se a
repassar essa responsabilidade a outros, nomeadamente aos políticos sufragados.
Posteriormente suas reclamações ficam-se pelos queixumes, desforrando-se nas
próximas eleições ao votar nos adversários que em nada diferem dos outros. Aos
eleitores isso não importa; não se interessam verdadeiramente pelas questões
importantes que afetam suas vidas. Os maus políticos por sua vez são as
crianças mais astutas e egoístas, mais não fazem que assegurar vantagens para
si próprios.
O que poderia mudar essa situação?
Como amadurecer uma criança que já cresceu? Não havendo essa possibilidade,
resta que seja a própria sociedade a corrigir esses defeitos com a lei. O melhor
juízo que a maioria das pessoas possa acordar, para prever, corrigir e punir
esses desvios. Cabe à lei fazer o papel do pai responsável que educa seus
filhos pequenos.
A lei é feita pelos que mandam,
pelos mais poderosos. Pode a lei os afetar então? Pode ser a lei justa, ou
seja, igual para todos? Deve ser; caso contrário não evita que alguns a
escapem. A lei deve ser simples, de fácil compreensão e escrita de forma em que
não haja outra interpretação. Deve ser exercida rapidamente e de forma severa
consoante a gravidade do delito. Todo homem é uma eterna criança; precisa de um
“pai” que estabeleça limites e puna-o quando ultrapassa-os.
"O eleitor não gosta de
ouvir verdades, quer que lhe digam a mentira que lhe agrade". A frase
explica de maneira fácil o porquê do principal direito democrático, o voto, ser
banalizado e posta em causa a própria democracia. Uma outra citação vem a
calhar: "O homem comum evita o esforço físico, mais ainda o esforço
mental".
A principal constatação a que
podemos chegar é a de que todos os males da governação são apenas de duas
naturezas: a qualidade moral das próprias pessoas e o indiscutível desinteresse
pela responsabilização de quem escolhemos para nos governar. Preferimos
reclamar depois, do que escolher bem antes. Podemos dizer que as eleições
penalizam os maus governos, mas de fato o que se verifica é que os maus
governantes que são substituídos, perdem seus cargos mas não são
responsabilizados pelos erros cometidos, muitas vezes gravemente prejudiciais,
precisamente contra o próprio eleitor.
Verificamos inquestionavelmente
que as democracias, mesmo as mais desenvolvidas, tornaram-se de fato
oligarquias que vêm mantendo-se no poder, independentemente da alternância dos
governos. O eleitor é escravo do seu próprio desinteresse e cada vez mais vê-se
explorado pelos que ele mesmo elege.
Qual a saída dessa contradição?
Não é afinal então a vontade da maioria que vence? Pode alguém verdadeiramente
desresponsabilizar-se só por escolher alguém para falar por si? Obviamente não
conhecemos outra forma melhor de nos governar, entretanto nossa
responsabilidade não termina quando elegemos um governo. Cabe às instituições a
fiscalização do exercício do poder, e principalmente a responsabilização, o
julgamento e a penalização pelos erros cometidos. Se não “crescermos” e nos
tornarmos responsáveis por nossas escolhas, correremos o risco de quando mais
precisarmos, as instituições também possam vir a falhar…
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